MMR - Método de Melhoria de Resultados: uma forma de justificar o fracasso escolar a prática docente na rede pública estadual de São Paulo.
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O MMR (Método de Melhorias de Resultados) “(...) faz parte do Programa Gestão em Foco da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, cujo objetivo é promover a melhoria contínua da qualidade do aprendizado por meio da implementação do Método de Melhoria de Resultados (MMR) nas Diretorias de Ensino e escolas.” (SEE-SP, 2017).
A primeira vista parece que estamos diante de algo novo, transformador que se propõe a salvar a educação pública do estado de São Paulo, com um método que pode corrigir os rumos das escolas estaduais, entretanto, o que se esconde de todos, é a forma neoliberal que se espalha no contexto brasileiro e paulista, permitindo caracterizar por meio de um projeto a culpa do fracasso educacional ao professor, o que a médio e longo prazo pode implicar em muitos prejuízos aos alunos, professores e sociedade necessitada da escola pública dada sua condição socioeconômica, por exemplo, a demissão do professor com a chegada de “alternativas” para resolver o problema, ou seja, a substituição da administração pública por gerenciamentos privados.
MMR e a sua lógica empresarial
Abordagem de Métodos de Melhoria de Resultados se remete à lógica capitalista e tem suas origens como resposta a otimizar a lógica mercadológica de aumentar produtividade e consequentemente lucros, ganhando bastante adesão após a 2ª Guerra Mundial.
A lógica de empresa na educação pública não serve, pois, observa somente objetivos e metas, desconsiderando que para haver avanços reais são necessários investimentos (o que compete ao Estado) e políticas públicas que garantam a valorização do magistério (o que não interessa), sendo assim, fica nítido que a única consequência possível , é o fracasso.
A tônica empresarial não considera os problemas “crônicos que assolam a educação pública como professores horistas que não podem se dedicar a pensar os problemas da escola; professores sobrecarregados de aulas, que não tem espaço para organizar-se coletivamente e cuidar daquela parte dos problemas que se referem à escola e outros mais(...)”
E o que inviabiliza qualquer forma diferente ao fracasso está no próprio cerne do MMR, que só pode ser minimamente viável se tiver investimento para sanar os problemas diagnosticados, o que no âmbito educacional público não se viabiliza na realidade, dado os cortes econômicos que se dão nas escolas, cada vez mais sem recursos mínimos, seja para atender a necessidade diária da prática docente,como papel sulfite, xerox ou na própria condição salutar, como ausência de papel higiênico.
Assim, se não tem investimento na escola como é possível melhorar? Na verdade, o único aspecto a se “melhorar” é sacrificar o recurso humano, os trabalhadores da educação, e como sabemos que não existe “mágicos” entre estes profissionais o que vai ser apontado desse processo é o fracasso de obtenção dos resultados estabelecidos pelo MMR.
O MMR na Educação pública paulista.
Os Métodos de Melhoria de Resultados como vem sendo propagado pelo governo tucano de SP: “ o caminho que vem sendo adotado em escolas da rede de educação do Estado de São Paulo a fim de que todas atinjam metas e produzam bons resultados” é pensada como o passo para o progresso educacional.
Entretanto, seus agentes são todos que visam lucros como sua representação maior, a corporação Falconi S.A, com a prestação de seus serviços a “ONG Parceiros da Educação” que tem laços estreitos com o governo do PSDB em São Paulo, entrando no negócio de difundir consultorias e o governo a implementação do MMR.
O grupo corporativo Falconi S.A deixa claro qual é o seu papel no mundo “Somos pioneiros na introdução de técnicas de gestão empresarial no Brasil. O Crescimento da nossa atuação no país foi acompanhado pela conquista do mercado internacional, em paralelo à internacionalização das grandes companhias nacionais, processo que nós ajudamos a consolidar.Temos experiência de atuação em mais de 30 países.” Assim, é nítido que o êxito obtido no meio empresarial deve ser difundido na área educacional, ou seja, educação vista como business.
Sua implantação se dá por intermédio de ações denominadas de “8 passos”:
Estas etapas são tratadas como ações “democráticas” que envolvem todos os agentes inseridos no âmbito escolar (alunos, pais, professores, funcionários, gestores e comunidade escolar), entretanto, com o “GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO MMR” é perceptível que este processo não tem autonomia, é bastante regrado e com cronograma bem fechado com poucas opções de interferências dos agentes escolares, cabendo-lhes cumprir metas e prazos estabelecidos.
Com sua finalidade de aferir resultados e construir melhorias nas escolas sem colocar investimentos significativos, seu real objetivo se transforma em esgotar a tão combalida mão de obra educacional, ou seja, exaurir o recurso humano levando-o a trabalhar ainda com mais pressão nas mesmas condições de sempre, tendo que dar resultados para confirmar o que já pensam saber, o fracasso da educação está ligado ao “péssimo” serviço prestado pelos professores, coordenadores e gestores escolares.
Com isso fica mais claro ainda, que as portas que se pretendem abrir são as da privatização, justificada no fracasso planejado pelo Estado, que infelizmente, muitas vezes pela despolitização de profissionais da educação, vestem tal discurso e disseminam o seu próprio infortúnio.
A necessidade de esclarecer e politizar o professor contra o MMR, Meritocracia e Privatização.
O MMR se configura como mecanismo enganoso para justificar a privatização da Educação, por meio de plataformas de coleta de dados (Foco e Aprendizagem) muito palatáveis à comunidade escolar, pois está travestido de uma capa democrática ao propor ouvir pais, alunos e funcionários, o que ao final do processo é completamente desonesto, pois não permite que se foque nas reais questões que ferem o direito à Educação Pública e de qualidade, questões estas relacionadas à superlotação de salas de aulas, desvalorização da carreira docente, baixo (nulo) investimento em melhorias estruturais e de acessibilidade, entre tantas outras.
O MMR foi criado para uma realidade com enfoque no mercado, onde só são observados números e metas a serem alcançadas, não levando em consideração o contexto sócio-cultural das comunidades em que cada unidade escolar está inserida,tornando-se uma ferramenta cruel de culpabilização do trabalho docente, ao seguir todas as etapas, a conclusão a que se chega é de que, o grande fracasso escolar se dá pela desmotivação e despreparo por parte dos professores, que não inovam e não criam horizontes de aprendizagem positivos aos alunos e que constantemente são mensurados pela falaciosa meritocracia, discurso que desune os atuantes na escola pública difundindo-se uma cultura de “sou melhor”, “sou capaz”, “tenho bônus”, “tenho reajuste porque mereço” e culpabilizar o colega que não demonstra obter tais “êxitos” e consequentemente contribui para o insucesso da escola em seus resultados.
Contudo, há que se entender que o MMR vem como uma cartada que atende às grandes corporações ávidas por “abocanhar” este quinhão. Quando falamos de investimentos em educação, nos referimos a milhões de reais fato que desperta a cobiça dos gigantes liberais como a corporação Falconi S.A, com a prestação de seus serviços de consultoria educacional na criação deste método.
A única saída existente é a politização dos profissionais da educação, entenderem a lógica real do Capitalismo, romper com o discurso subalterno do Estado ante a Burguesia e seus anseios, e não se submeterem a esse engodo que tem objetivo de destruir de vez a educação pública.
Considerações finais
O Coletivo Educadores Resiliência e Luta, atenta para a necessidade de se combater este método nefasto de responsabilização dos professores pelo fracasso escolar. Sabe-se, há tempos, que o projeto de sucateamento da Educação vem adquirindo novas roupagens por meio de reorganizações, reestruturações e imposições de métodos descabidos que só poderão ser combatidos por meio da apropriação do debate acerca dos reais interesses da inserção dessas corporações empresariais na Educação paulista e o principal,
LUTAR. Não ao MMR. Não ao fim da ESCOLA PÚBLICA
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