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Crise do Capital: coronavírus, dinheiro e ser humano




A crise capitalista não dá descanso nunca, até porque o sistema capitalista só existe por ser assim, produzir desigualdades e injustiças, em que uma pequena parcela social concentra um grande poderio econômico que lhe permite viver bem e dirigir a sociedade de acordo com suas aspirações utilizando de diversos mecanismos para manter sua ordem vigente, mesmo que signifique sem nenhum pudor sacrificar muitos a viver na miséria, apenas sobreviverem neste planeta sem o mínimo de dignidade que deveria ser natural ao ser humano.

A crise do capital ultrapassa os meios de produção e como uma gangrena, instalou-se no éthos desse simulacro do consumo e da mercadoria chamado sociedade da pós modernidade.

Pensar que vidas são hierarquizadas e valoradas em maior ou menor grau segundo a capacidade de acumulação do capital seja ele econômico, social ou cultural reflete a crueldade daquilo que se convenciona chamar de ética… uma ética burguesa legitimada por uma justiça cega em uma democracia do patriarcado ao deixar claro que: "Manda quem pode e obedece quem tem juízo".

Nessa atual conjuntura, marcada pela meritocracia e individualismo é claro que não poderia ser diferente a forma do Estado burguês brasileiro lidar com a pandemia do Coronavirus: os políticos e os burgueses que chegam do exterior têm testes gratuitos, enquanto nós trabalhadores e trabalhadoras e nossos filhos, teremos o direito a esse procedimento só quando o quadro médico apresentar complicação. Informam que é perigoso ir ao hospital, que iremos nos contaminar,etc. Mas o que essa fala na verdade esconde é que não querem gastar dinheiro com os testes para a população e que não existe leito hospitalar para todo mundo, escondem que o Sistema de Saúde tanto público quanto privado (caro e ruim) está agonizando, que nossas vidas não valem nada porque não fomos nós da classe trabalhadora os escolhidos pela justiça cega representante da falsa moral burguesa.

Os povos asiáticos (China, Japão, Coreia, Taiwan) prontamente realizaram testes EM TODA A POPULAÇÃO, mobilizaram leitos e mesmo detonando a economia do país, não pouparam esforços para resguardar AS VIDAS HUMANAS DE SEUS CIDADÃOS.

Em contraponto, o exemplo seguido por nossos governantes vêm das grandes potências mundiais europeias (França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Espanha) e do presidente Trump dos Estados Unidos, que preocupados com a crise econômica da bolsa de valores gerada pelo petróleo e pelo Coronavírus, demoraram muito para conter a pandemia, cujos resultados têm sido catastróficos, transformando a Europa no epicentro disseminador da doença. Pior ainda, é ouvir da boca do chefe-de-estado americano que a pandemia era exagero, ao fazer piada da letalidade da mesma, um exemplo de peso imitado ipsis litteris pelo presidente Bolsonaro.

Interessante também é nesse tempo de pandemia prestar atenção nos detalhes, naquelas informações que passam batidas, quase que de forma natural do tipo: Bolsonaro faz acordos militares com Trump incluindo exercícios militares na divisa com Venezuela; quebra nos valores dos barris de petróleo da OPEP e OPEP plus; Banco Central inglês concederá a menor taxa de empréstimo de sua história (0,25%) para os países interessados em conter o Coronavírus; para os diversos profissionais têm sido incentivado o trabalho no modelo home office; aulas para todas as idades em EAD; tentativa dos países centrais em culpabilizar a China pela disseminação da pandemia; responsabilização da classe trabalhadora pelo destino incerto provocado pela falta de Políticas Públicas de Saúde gratuitas e universalizadas.

Não dá para enxergar com naturalidade empréstimos do Banco Central inglês a juros baixos; desestabilização da economia estadunidense visto a queda do valor do barril de petróleo e a necessidade de buscar por novas reservas fora de seu território, precisamente na Venezuela; a primazia da Rússia, China e Irã no controle das reservas de petróleo do planeta e das novas fontes energéticas; a possibilidade de colocar em prática relações de trabalho que não geram deslocamentos, desvinculadas de horário e estrutura física, provocando maior desmobilização coletiva, precarização dos direitos trabalhistas e isolamento dos sujeitos, cada qual em sua bolha, uma forma perversa de controle social com vistas a acriticidade.

Diz o ditado que: "A voz do povo é a voz de deus", mas o ultracapitalismo silencia a voz de muitos povos, como por exemplo, dos indígenas, dos LGBTQIA+s, das mulheres, dos negros, dos miseráveis e também dos povos do oriente…

Interessante é tentar escapar da bolha ocidental marcada por notícias tendenciosas, quando não falsas, e ouvir a voz dos povos do lado de lá, também filhos de deus, talvez não do deus cristão, mas de um deus universal.

A pandemia fez com que os países asiáticos estudassem a origem dessa mutação do Coronavírus e chegassem na raíz, o lócus originário: Estados Unidos.

Segundo os cientistas, o vírus foi criado em um laboratório americano especializado em desenvolver armas biológicas das Forças Armadas dos EUA em Fort Detrick, Maryland. Esse local foi fechado em 2019 por não conseguir conter adequadamente os patógenos ali produzidos. Assim, foram infectados alguns militares americanos que ao participarem dos jogos mundiais militares em Wuhan transmitiram o vírus para os chineses, inclusive ao visitarem o mercado de peixe, local de visitação turística da cidade.

A pandemia está posta, mas torna-se necessário ainda desvelar a quais forças serve esse caos globalizado.




Fontes:


Entrevista de Pepe Escobar: https://youtu.be/lj6L5eBrNtI

Conceitos sobre os tipos de capital, ver: Pierre Bourdieu.




CERL - Coletivo Educadores Resiliência e Luta.

Subsede Mauá & Subsede Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

16/03/2020.



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