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Análise CERL: Reunião Ministerial Governo Federal



Análise CERL: Reunião Ministerial Governo Federal

O dia 22 de abril de 2020 configurou- se não somente como o dia em que se relembra o início da invasão portuguesa no Brasil, mas também como o dia da completa e total demonstração do menosprezo pela vida do brasileiro, escancarado pela altíssima cúpula política do país. De fato, não é nenhuma novidade, mas o famigerado vídeo da reunião ministerial, que Moro quer usar como prova da intervenção na Polícia Federal por Bolsonaro, é na verdade uma ode ao que há de mais subterrâneo e grotesco em relação ao fazer político, na condução de um país, que outrora foi considerado uma grande potência em ascensão, sociocultural e econômica, e hoje se vê refém da necropolítica advinda do esgoto liberal de Paulo Guedes e companhia, servindo como chacota mundial, principalmente pelo fato do líder da nação insistir em adotar práticas criminosas de desrespeito às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Um mês depois da reunião que não visou ser republicana, o Brasil passa das 20 mil mortes confirmadas por Covid-19, ou seja, aumentou em 10 vezes o número de mortes nesse período e o segundo mundial em número de contaminados, com mais de 330 mil pessoas, cuja reunião oficial do Estado brasileiro estabelecida pela presidência nacional e seus ministros praticamente ignorou a pandemia, não visando nenhuma ação estratégica e propositiva de como combater, como indicar caminhos para minimizar seu impacto, defender a vida das pessoas que vivem em território brasileiro, criar condições a levar segurança real as pessoas seja da perspectiva sanitária, seja da perspectiva econômica.
O Brasil desde a vitória do Jair Bolsonaro num pleito que teve a caracterização de um candidato que se colocou como “outsider”, mesmo sendo do sistema político oficial por pelo menos 30 anos, espalhando suas raízes de político oficial aos seus filhos e familiares, muitos adotando os mesmos passos, já nos deixava explícito que seu discurso não condizia com sua prática. Além disso, um candidato que se omitiu publicamente, evitando participar de embates políticos públicos de todas as formas, e quando sofreu atentado a sua vida, deixou oficialmente de ter de se justificar pela ausência em debates, ou seja, um político do sistema oficial, pouco conhecido da maioria populacional brasileira, que teve destaques apenas por polêmicas de cunho preconceituosos, desrespeitosos e promotores de legados da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), se escondeu de debates para conhecimento de todos, que se amparou no antipetismo como sua plataforma eleitoral, carregado por considerável parcela da burguesia, e da classe trabalhadora, criando uma forte rede alternativa para difusão de suas ideias “conservadoras” por rede sociais, muitas dessas expressando fake-news - inclusive tramitando no atual momento uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar essa prática na eleição de 2018. O Brasil assim, elegia um presidente obscuro que pouco se conhecia, mas, que para nós a esquerda, já se entendia como um potencial perigo aos direitos das minorias, pouco comprometido com os interesses da classe trabalhadora e com inclinações a ações de cunho autoritários.
Os meses se passaram, e a maioria esmagadora d@s brasileir@s sentiram o impacto de seu desgoverno alinhado ao neoliberalismo agudo que só tem retirado direitos da classe trabalhadora e imposto carestia e dificuldades socioeconômicas, um governo promotor de crises, seja pela sua política de destruição ambiental, anti-trabalhador, anti-minorias, anti-democráticas, anti-republicanas, anti-liberdade de expressão, belicosa, pela disputa de protagonismo com ministros, enfim, crises em cima de crises, muitas das quais partindo da figura do presidente sem nexo algum, apenas para ter seu campo de conforto, o campo do confronto gratuito, para ir diluindo e colocando em prática suas pautas anti-Brasil e brasileiros para prestigiar determinados grupos sociais, em particular a burguesia, os latifundiários, os armamentistas e o estrangeiros, em especial o dos Estados Unidos (EUA).
Contudo, nesse período a pandemia chegou ao Brasil, o país necessitava/necessita de um presidente que pensasse/pense ao menos nesse momento em seu povo, mas, na prática foi o inverso, apoiado em sua dita “ala ideológica” composta por negacionistas da ciência, da história, dos valores contemporâneos que se aprisionam à mentalidade medieval difundindo valores de tal período como único e que deve ser imposto a tod@s brasileir@s, não aceitando o diferente, e rotulando tudo de diverso como algo de “esquerdista”. 
A política de isolamento social proposta pela Ciência como única e eficaz alternativa ao momento do estágio da pandemia do Sars-cov-2, não foi levada em consideração em nenhum momento pelo chefe do executivo federal, ao contrário, enquanto estados e municípios adotavam tal prática, o governo fazia discurso contrário, querendo criar a falsa falácia de “zelar pela economia”.
Deste modo, desprezando vidas humanas, criando um ambiente de dúvidas, dificultando uma ação efetiva e coordenada para diminuir o impacto do Coronavírus no Brasil. Em contrapartida, o governo federal não se colocou e continua não se colocando à disposição da população brasileira que, seguiu e segue as orientações da Ciência pelas Organizações sérias amparadas pelo conhecimento científico sólido, pelas políticas dos estados e cidades, norteadas pelas orientações científicas, assim, com muita lentidão a tomar ações efetivas (praticamente um mês após ao reconhecimento da Covid-19 como pandemia) em viabilizar à classe trabalhadora mais vulnerável o auxílio emergencial, e ainda hoje, infelizmente, não tiveram direito nem mesmo a essa primeira parcela devido a burocracia instaurada.
Com tal conduta, o trabalhador se viu “enforcado”, inviabilizando-o de fazer isolamento, obrigando-o a estar ou tentar trabalhar, acrescentam-se ainda as condições habitacionais da classe trabalhadora, que na maioria das vezes tem uma moradia - infelizmente, alguns nem isso - pequena que impossibilita um isolamento com condições dignas, agregam-se também os interesses da classe burguesa de colocar os trabalhadores em seus postos produtivos, já que seu espírito acumulador de capital vem em primeiro lugar sempre, ou seja, os trabalhadores estão praticamente em sua totalidade sem condições de se manter em isolamento, e os resultados estão sendo catastróficos, nesta semana, por exemplo, a média de morte por covid-19 tem sido de 1000 pessoas por dia.
Ainda nesta semana, no dia 22 se deu a divulgação da análise de vídeo da reunião ministerial do governo federal, na data de 22/04, referente a disputa pré-judicial entre o agora ex-ministro Sérgio Moro - o ex-juiz da Justiça Federal que teve como grande feito as prisões e condenações realizadas pela operação denominada de “Lava-Jato”, que teve seu ápice de invejar as produções hollywoodianas, com a prisão e condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, oportunizando a alcunha de “herói” a Sérgio Moro, por parte dos anti-petistas, entretanto, uma operação que mostrou excessos e seletividade no seu processo, inclusive com denúncias a nível internacional, e posteriormente com a divulgação do site Intercept das conversas de bastidores da Força Tarefa da Lava-Jato alinhada ao então juiz federal Sérgio Moro, que apontou indícios de práticas de conluio, principalmente para atingir o ex-presidente Lula, a que se convencionou chamar de “Vaza-Jato” - e o presidente Jair Bolsonaro, sobre “suposta” tentativa de interferência na Polícia Federal para defesa de interesses familiares e de amigos.
Essa disputa entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro chegou a arrolar como uma peça do arcabouço de provas a reunião ministerial do dia 22/04 que está sobre análise do juiz do Supremo Tribunal Federal José Celso de Mello Filho que determinou após análise dessa fonte investigativa a utilização dessa peça proval com suprimento de trechos relacionados a temas que tangem a política internacional - ou seja, quase nada - permitindo a sua divulgação praticamente integral da mesma, que rapidamente foi disponibilizada aos Meios de Comunicação do país se espalhando como rastilho de pólvora o conhecimento de seu teor, algo bombástico do ponto de vista a se pensar como oficial realizado numa REPÚBLICA.
A fita editada e disponibilizada a ser assistida contém a duração de 1h55min aproximadamente, e se apresenta ao Brasil, uma das reuniões de mais baixo nível possível, principalmente ao se levar em consideração, quais eram/são as pessoas presentes, o que elas representavam/representam, o momento histórico que o Brasil vivia/vive, e o teor do que se discutiu, e como se discutiu, enfim, algo vergonhoso ao se imaginar que aquela reunião foi oficialmente o fórum dos “dirigentes” da política estatal do país para se debater o Brasil.
O Coletivo Educadores Resiliência e Luta debateu essa reunião e fez algumas ponderações sobre o conteúdo desse encontro.
Trocando em miúdos, foram tantos os ataques e crimes desvelados, que se estivéssemos vivendo tempos reais de respeito à democracia, ao menos três ministros sairiam presos daquela sala ou minimamente não continuariam como ministros ou a função que desempenham seriam cessadas ali. O vídeo funciona como prova cabal, não como as acusações de Moro ante Bolsonaro, mas como comprovação da atuação política/ideológica belicosa à frente de pastas tão importantes como a Educação, o Meio Ambiente e os Direitos Humanos.
O Brasil com sua crise sanitária da pandemia, tinha ali uma reunião oficial, inicialmente para se discutir o “plano Pró-Brasil”, que explicitava a batida de cabeça entre a “ala militar do governo”, querendo emplacar um plano de 30 anos para “desenvolver” o Brasil - que na exposição em reunião não durou 9 minutos -, que por sua vez, ia contra o plano ultraliberal da ala econômica do governo capitaneada pelo ministro da pasta Paulo Guedes, que insiste no estado mínimo como forma de “crescimento” nacional - às custas dos direitos trabalhistas e facilitações a alta burguesia, como na própria reunião fica explícito: “(...) nós vamos ganhar dinheiro usando recurso público para salvar grandes companhias, agora nós vamos perder dinheiro, salvando empresas pequeninas (...)” [1h38min aproximadamente].
Ainda nessa “linha econômica” o ministro Paulo Guedes, expõe  os grandes feitos, que “permitirão” a reeleição de Jair Bolsonaro para 2023 os feitos ultraliberais das reformas que desaguam em precarização dos trabalhadores para ampliação da mais-valia dos setores privilegiados do país e internacional, entregando-lhes as privatizações como forma de lucro fácil, inclusive o Banco do Brasil, criado no período imperial da história tupiniquim “(...) o Banco do Brasil é um caso pronto de privatização (...) [“banco público”] a gente não consegue fazer nada, então tem que vender essa porra logo (...)”,[1h50min aproximadamente] e ainda apontando os servidores públicos como inimigos: “(...) as torres do inimigo que temos que derrubar (...) todo mundo tá achando que estamos distraídos, abraçaram a gente, enrolaram com a gente, nós já colocamos a granada no bolso do inimigo, dois anos sem aumento de salário [servidores públicos] era a terceira torre do inimigo que nós podiamos derrubar, e vamos derrubar, nós vamos derrubar agora, isso vai nos dar tranquilidade, num tem jeito de fazer o impeachment com as contas arrumadas, tudo em dia, não tem jeito, não tem jeito (...)” [1h40min aproximadamente].
Ainda, sobre o ministro Paulo Guedes, não tem como deixar passar batido sua proposta surreal de trabalho semi-escravo e alienante que propõem ao afirmar para se fazer um programa militar para ingresso de jovens, que por “seu” amor ao país, serão formados “cidadãos” com OSPB (Ordem Social e Política do Brasil), disciplina escolar que perdurou entre 1962 até 1993, como uma das bandeiras da Educação da Ditadura Militar do Brasil, e incutir nos jovens o espírito de trabalharem pelo Brasil em obras de infra-estrutura com valor mensal de 200 reais, e calculando perante todos presentes a reunião o ganho que o país teria com exploração de mão-de-obra dessa forma, demonstrando todo seu preconceito classista, na qual trata as bases sociais apenas como números mercadológicos e o quanto se pode lucrar com eles.
Além dessa trágica linha econômica que desenvolve o governo federal, que é manifestada em diversas situações ao longo dessa reunião, não podemos deixar de focar no que nos tange profissionalmente, a Educação. A Educação do Brasil passa praticamente em branco, primeiramente abordada pelo ministro Onyx Lorenzoni (ministro da Cidadania) como despesas geradas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) as 3000 creches, que somam-se a obras paradas [15min aproximadamente] e que não se vê no vídeo nenhuma prática de finalização, mas, sim, de um obstáculo para o Brasil se desenvolver. 
Em outro momento, temos o ministro da Educação falando na reunião e não remeter 1(uma) palavra relativa a ações desta pasta, o que fez, se mostrar totalmente sem educação, sem apreço pela República (da qual se colocou a atuar) e se colocar como militante para desenvolver sua visão enviesada no sistema educacional brasileiro, a malograda “Escola de Partido Único”, que visa cercear o pensamento plural e diverso dos educadores no Brasil, liberdade de cátedra, estabelecendo os próprios valores como únicos e verdadeiros e constantemente tentam aplacar o odioso “Escola sem partido” para criminalizar os profissionais da educação que destoam deles. E por fim, a ministra Damares Alves (Direitos Humanos), vendo oportunidade nesse momento de impetrar por MP (Medida Provisória) o Homeschooling (Escola domiciliar) que permite a educação em casa, sem frequentar a escola, “educada” pelos responsáveis, como forma de desprestigiar o ambiente escolar, vista por essa “ala ideológica” do governo, como pessoas que desvirtuam os valores que eles acreditam como inquestionáveis, enfim, ensinar apenas suas crenças e dogmas, entretanto, essa matéria já foi ao plenário pleno do STF (Superior Tribunal Federal) e dado como INCONSTITUCIONAL, mas, mesmo assim, se aproveitando do cenário de pandemia - das escolas em funcionamento atípico, necessitando de educação via virtual por conta das aulas presenciais estarem suspensas, e que constantemente denota seu caráter excludente, já que não se viabilizou por razões socioeconômicas o acesso integral a tod@s da educação igual, justa que minimize as lacunas de aprendizagem - para impor por MP essa vontade ideológica do governo Bolsonaro.
Dentre tantos absurdos discorridos numa reunião desse porte, não se pode negligenciar a postura perante a questão da Saúde, praticamente se passou em branco, apenas sendo tratada pelo ministro Nelson Teich (Saúde) - segundo ministro da Saúde na pasta no período da pandemia, agora, no momento desse documento, já ex-ministro) - que colocou como agir em relação ao Covid-19, os problemas que serão ocasionados após o Coronavírus com o “não covid-19”, ou seja, a possibilidade de um novo colapso do sistema de saúde nacional com as “doenças represadas”, que poderão chegar massivamente ao SUS, como problemas cardíacos, cancerígenos e outros, nesse sentido, somente ele abordou o Sars-Cov-2, o presidente da federação, indicou sua interferência em Declaração de Óbito (D.O), falando como procedeu com um dos subordinados vinculados a tal registro, querendo a colocação de todas comorbidades como fórmula para diminuir o medo nas pessoas, induzindo que a pessoa veio a óbito por outras situações, não especificamente pela Covid-19. Ainda, a colocação do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) como forma de oportunamente, na calada dos acontecimentos impor uma pauta facilitadora dos interesses anti-meio ambiente pela atenção quase exclusiva a pandemia, pautas essas que pelo teor que tem, tem tido dificuldades em serem aprovadas, como exemplificou na própria reunião. E por fim, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, palpitou que para ele o pico da doença no Brasil já tinha passado, segundo ele estava a 4 ou 5 dias abaixo de 200 mortes diárias, infelizmente, hoje, após um mês dessa reunião o dito “pico” não chegou, e o Brasil tem mantido uma média de 1000 mortes diárias.
A reunião transcorreu com muitas exposições que poderiam ser esmiuçadas para externar o quanto esse governo não tem nada de republicano, de quantas coisas são mostradas para se ver a defesa dos capitalistas, sejam os dos bancos, do agronegócio, das armas, da especulação imobiliária, do turismo, cassinos, varejistas, lojistas, internacionais, enfim, os interesses do Capital primeiro, a classe trabalhadora, totalmente vista como numérica, como sem direitos, como forma de gerar riquezas aos grupos burgueses, pouco importando as consequências que terão.
Assim, as vinte mil histórias ceifadas (até o dia 22/05, pois, o número, infelizmente, será muito maior pelas ações governamentais tomadas) somadas a duas trocas de ministros da saúde, evidenciam que o país continua a seguir em uma espiral de perdas irreparáveis, com uma trilha sonora mortífera de escândalos envolvendo a famiglia do presidente. Rachadinhas, esquema de propagação de fake news, crises diplomáticas tendo como palco as redes sociais, e as aglomerações dominicais (verdadeiras festas do carimbo da Covid19), onde vários manifestantes pró governo contraíram o vírus e em alguns casos o desfecho foi a morte. Nestas aglomerações são avistadas toda sorte de reivindicações criminosas, como a volta do AI-5 - ato institucional que deflagrou a prisão, tortura, extinção dos habeas-corpus, desaparecimento e morte de milhares de brasileiros, o fechamento do Supremo Tribunal Federal - ações que se configuram como crime e estão previstas na Lei de Segurança Nacional, no artigo 23, que prevê prisão de 1 a 4 anos. Manifestações estas, claramente antidemocráticas, que mesmo sendo diminutas, atentam contra a Constituição, com apoio e presença do presidente, que cinicamente minimiza o fato, dizendo não ter controle sobre a "multidão", inclusive na data de hoje, sobrevoou de helicóptero, na companhia de militares da aeronáutica, mais uma dessas marchas de zumbis, para verificar sua popularidade após a divulgação daquele espetáculo fascistóide, que Moro considerou ser prova de suas acusações. 
Somado a todos esses fatos, ainda existe o agravante das constantes ameaças à ordem constitucional, desveladas em tuítes da alta patente militar, mais especificamente na pessoa do Gen. Heleno, que faz parte do grupo que blinda o chefe do executivo com extrema agressividade.
Ainda seguindo essa linha de ataques chulos, a briga entre Abraham Weintraub (Ministro da Educação), Ricardo Salles (Ministro do Meio Ambiente), Paulo Guedes (Ministro da Economia) e Damares Alves (Ministra dos Direitos Humanos) é realmente muito pareia. Não se sabe ao certo quem é mais truculento e quem demonstra mais desprezo pelo povo brasileiro, pois os conteúdos de suas explanações são completamente beligerantes. 
Aparentemente o vídeo reforça a face da extrema direita que está se enraizando no país, que exalta o armamentismo e a quebra da estabilidade institucional, no prenúncio de um auto golpe, fato este que corrobora o apoio de parcela da população, os denominados fãs de Bolsonaro que certamente se viram representados pelo tom enfaticamente fascista durante a reunião ministerial nada republicana.
A defesa da prisão de representantes dos três poderes, utilizar a pandemia como oportunidade de abrir brechas nas leis para promover a destruição do meio ambiente, a proclamação do ódio aos povos originários, a ojeriza ao pobre e ao funcionário público, são a tônica que move os operadores da morte, nesse governo funerário, que aposta na imunidade de rebanho da população, escancarando que a morte de milhares é meramente um  efeito colateral da pandemia, potencializando o número de vidas perdidas com a proposta de salvação da economia acima da preservação de vidas, com a imposição da flexibilização das medidas restritivas e de controle á pandemia (quarentenas e eventuais trancamentos totais), neste momento em que ainda estamos longe de atingir o pico da curva da infecção.
Como desgraça pouca é bobagem para o funesto governo, Bolsonaro e Guedes dificultam ainda mais a vida do povo, se aproveitando de subterfúgios burocráticos na morosa liberação do auxílio emergencial, inclusive vetando a ajuda financeira para taxistas, manicures e cabeleireiros, por exemplo, categorias altamente castigadas pela inexistente vontade do governo em subsidiar a população no seu direito de se distanciar socialmente para diminuir a curva de contágio, em um claro boicote às quarentenas decretadas por prefeitos e governadores, que não conseguem aplicar ações em unidade, visto que precisam lutar contra a pandemia e contra o governo federal. 
Embora os governos estaduais estejam enfrentando represália da esfera federal no combate á Covid19, também não se pode omitir a face cruel das ações de suas polícias, que em plena pandemia tem ecoado nas comunidades com sua já tão conhecida violência institucional, seguindo ordens de seus chefes Wilson Witzel e João Dória, contribuindo fortemente para o genocídio do jovem negro, ceifando a vida de jovens como João Pedro e João Victor, no Rio de Janeiro, e em São Paulo, na condenável ação de despejo de famílias da área do Taquaral, em Piracicaba, jogando na rua mais de 50 famílias, em plena ascensão da curva de contágio do coronavírus, comprovando o quanto as periferias lutam diariamente em várias frentes, contra o vírus e contra as políticas genocidas advindas do Estado, que não condizem com as posturas teatrais, ante as câmeras, de tais políticos, que tentam esconder suas reais intenções, por trás de máscaras pseudo humanizadas.
A luz do momento, o registro da reunião ministerial divulgado não escandalizou a muitos, por sua opção enviesada de defesa ao governo federal, o que demonstra a dificuldade moral que o Brasil passa, nosso problema vai muito além da corrupção como se pregou por setores sociais, estamos com uma crise de caráter, não é porque contempla “meus” anseios particulares que devemos esconder, ser indiferente a forma como se age, apenas o interesse individual, parafraseando Nicolau Maquiavel - atual e pertinente para o governo de Jair Bolsonaro - em sua obra célebre O Príncipe, “os fins, justificam os meios”, o governo em sua truculência peculiar estimula ações das Forças Militares com notas públicas para intimidar a República. A classe trabalhadora está em dificuldades, muitos não tem condições de fazer o isolamento, e muitos que o podem fazer, não o fazem, enfatizando a política de genocídio dos menos abastados, o momento é de respeitar o isolamento social e organizar ações que deverão ser necessárias mais adiante para defesa dos nossos direitos, para preservação da vida seja na ordem sanitária, seja na ordem econômica!

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CERL - Coletivo Educadores Resiliência e Luta.
(Subsede Mauá).
 24/05/2020.


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